Sempre deparamos com um grande dilema ao tratarmos um paciente: fortalecer ou alongar!
Quantas vezes temos a certeza que uma alteração postural seria conseqüência de fraqueza de um músculo (ou grupo muscular). No dia-a-dia na clinica quantas vezes orientamos algum exercício (anilhas, caneleiras, thera band etc), sei que alongamos também, mas, e a globalidade?
Vamos voltar as aulas de biomecânica, quais as alavancas predominantes no corpo humano? Nosso corpo NÃO foi feito para fazer força, admito a importância da força muscular para o trabalho, esportes, laser, mais BIOMECANICAMENTE nossas articulações são especialistas em velocidade e não força! Isso não é nenhuma novidade, mas ainda sim porque a teoria e a prática são tão diferentes?
Desde 1947 Mézieres através de uma fantástica capacidade de observação concluiu que as alterações seriam conseqüência de excessos musculares e não fraquezas; seriam então encurtamentos, contraturas ou bloqueios de músculos e fáscias as causas das numerosas alterações que tratamos dia após dia.
Diversos autores pós Mezieres falam das cadeias musculares, escutamos isso desde o primeiro ano de faculdade, mas não colocamos em prática, até mesmo defensores dessas técnicas. Parece um vício, lemos, estudamos, aprendemos da maneira correta, mas na prática.... seria mais fácil ensinar um exercício para um paciente?
Quem nunca viu um absurdo de fortalecimento da musculatura lombar¿, exercícios isotônicos (como se isso ajudaria a manter a postura de pé), parecem que nunca ourivam o termo ESPECIFICIDADE, o simples fato de sustentar o corpo de pé trabalharia essa musculatura.
Tomemos como exemplo a cifose, quantos não indicam fortalecimento de musculatura posterior (paravertebrais, rombóides etc)¿ A cifose é antes de tudo um encurtamento da musculatura anterior e não fraqueza da posterior, o fortalecimento posterior sem a devida liberação anterior vai causar depois de um certo tempo achatamento dos discos intervertebrais torácicos e mais tarde deformidade dos corpos vertebrais.
Todos (isso mesmo, todos) os métodos que surgiram depois de Mézieres (Busquet, Souchard, Godelieve Denys-Struyf, Bertherat, Peyrot, Nisand e outros) seguem basicamente sua linha de raciocínio, tendo suas diferenças na prática de tratamento, por essa razão funcionam, tratam a liberação, não o fortalecimento.
A postura depende de 3 importantíssimos fatores: equilíbrio, conforto e consumo energético. Tentar uma correção sem levar em conta esses fatores é insucesso na certa, seja pela não evolução ou pelo aparecimento (ou agravamento) da dor no paciente. Vejamos um indivíduo que tenta corrigir sozinho sua postura, quais as chances de melhorar¿ quais as chances de aparecer dor?
Ninguém fica com a postura feia porque quer, quando deparar com um paciente com alteração postural devemos ter a consciência que ele esta dentro dos 3 fatores citados há pouco, porém, quando ele tentar se auto-corrigir deixara de respeitar essas leis, perderá o equilíbrio (suas AVD’s se tornarão mais difíceis), perderá o conforto (utilizará músculos errados para manter a postura resultando em dor e desconforto) e consumo de energia (gastará mais energia pelo uso de músculos errados, ou gastara mais energia para executar suas AVD’s), pronto estamos diante de um fracasso de correção, ele sentira dificuldades, dor e cansado!
Porem, se liberamos a musculatura presa (posturas, alongamentos.......) e depois trabalhamos o tônus do paciente teremos uma chance muito maior de alcançar nossos objetivos.
Ao avaliar seu paciente hoje ou amanha, ao invés de olhar a "fraquesa" da cifose procure pelos excessos das lordoses.
Marcelo Renato Massahud Junior
excelente visão cinesica e motora! concordo plenamente! Isaura Fisioterapeuta
ResponderExcluirMarcelo parabéns pela excelente explicação dos fatores que influenciam na educação postural. Não concordo com a afirmação de que as alterações são consequências de excessos musculares. Na minha prática pelo menos vejo diversas situações como músculos que estão excessivamente estirados, músculos fracos, encurtamentos e dominância de alguns músculos em determinados movimentos. Então não há como generalizar, ou se quer dizer "na maioria das vezes", pois quem determina isso é uma avaliação criteriosa, afinal os testes de comprimento, força e funcionais servem para isso. Eu tive uma paciente que possuía hipercifose, e que possuía reto do abdômen estirado e fraco devido abdômen protuso. Descobri então que a hipercifose era decorrente de um processo compensatório que ocorria por posicionamento inadequado da pelve e lombar (que acontecia por dominância de um grupo muscular). Se tivesse me prendido a ideia de que devo fortalecer abdominal ou extensores da coluna, e vice-versa, jamais teria sucesso na terapia. Neste caso bastou apenas equilibrar a forças musculares que agiam na pelve através de fortalecimento e educar a paciente quanto ao posicionamento adequado da pelve e coluna dinamicamente e estaticamente. Então a afirmação: "A (HIPER) cifose é antes de tudo um encurtamento da musculatura anterior e não fraqueza da posterior" ...NÃO É REGRA!!! Agradeço! Drº Wiron
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