segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Globalidade: Fortalecer ou Liberar ?

Sempre deparamos com um grande dilema ao tratarmos um paciente: fortalecer ou alongar!
Quantas vezes temos a certeza que uma alteração postural seria conseqüência de fraqueza de um músculo (ou grupo muscular). No dia-a-dia na clinica quantas vezes orientamos algum exercício (anilhas, caneleiras, thera band etc), sei que alongamos também, mas, e a globalidade?

Vamos voltar as aulas de biomecânica, quais as alavancas predominantes no corpo humano? Nosso corpo NÃO foi feito para fazer força, admito a importância da força muscular para o trabalho, esportes, laser, mais BIOMECANICAMENTE nossas articulações são especialistas em velocidade e não força! Isso não é nenhuma novidade, mas ainda sim porque a teoria e a prática são tão diferentes?
Desde 1947 Mézieres através de uma fantástica capacidade de observação concluiu que as alterações seriam conseqüência de excessos musculares e não fraquezas; seriam então encurtamentos, contraturas ou bloqueios de músculos e fáscias as causas das numerosas alterações que tratamos dia após dia.
Diversos autores pós Mezieres falam das cadeias musculares, escutamos isso desde o primeiro ano de faculdade, mas não colocamos em prática, até mesmo defensores dessas técnicas. Parece um vício, lemos, estudamos, aprendemos da maneira correta, mas na prática.... seria mais fácil ensinar um exercício para um paciente?
Quem nunca viu um absurdo de fortalecimento da musculatura lombar¿, exercícios isotônicos (como se isso ajudaria a manter a postura de pé), parecem que nunca ourivam o termo ESPECIFICIDADE, o simples fato de sustentar o corpo de pé trabalharia essa musculatura.
Tomemos como exemplo a cifose, quantos não indicam fortalecimento de musculatura posterior (paravertebrais, rombóides etc)¿ A cifose é antes de tudo um encurtamento da musculatura anterior e não fraqueza da posterior, o fortalecimento posterior sem a devida liberação anterior vai causar depois de um certo tempo achatamento dos discos intervertebrais torácicos e mais tarde deformidade dos corpos vertebrais.
Todos (isso mesmo, todos) os métodos que surgiram depois de Mézieres (Busquet, Souchard, Godelieve Denys-Struyf, Bertherat, Peyrot, Nisand e outros) seguem basicamente sua linha de raciocínio, tendo suas diferenças na prática de tratamento, por essa razão funcionam, tratam a liberação, não o fortalecimento.
A postura depende de 3 importantíssimos fatores: equilíbrio, conforto e consumo energético. Tentar uma correção sem levar em conta esses fatores é insucesso na certa, seja pela não evolução ou pelo aparecimento (ou agravamento) da dor no paciente. Vejamos um indivíduo que tenta corrigir sozinho sua postura, quais as chances de melhorar¿ quais as chances de aparecer dor?
Ninguém fica com a postura feia porque quer, quando deparar com um paciente com alteração postural devemos ter a consciência que ele esta dentro dos 3 fatores citados há pouco, porém, quando ele tentar se auto-corrigir deixara de respeitar essas leis, perderá o equilíbrio (suas AVD’s se tornarão mais difíceis), perderá o conforto (utilizará músculos errados para manter a postura resultando em dor e desconforto) e consumo de energia (gastará mais energia pelo uso de músculos errados, ou gastara mais energia para executar suas AVD’s), pronto estamos diante de um fracasso de correção, ele sentira dificuldades, dor e cansado!
Porem, se liberamos a musculatura presa (posturas, alongamentos.......) e depois trabalhamos o tônus do paciente teremos uma chance muito maior de alcançar nossos objetivos.

Ao avaliar seu paciente hoje ou amanha, ao invés de olhar a "fraquesa" da cifose procure pelos excessos das lordoses.


Marcelo Renato Massahud Junior

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Crochetagem: Um Recurso Fisioterapêutico Eficaz!

Não é novidade para ninguém que a área esta bem saturada, por essa e outras razões, atualizar-se e agregar mais recursos ao arsenal terapêutico deve ser uma prática constante no dia-a-dia de todos os fisioterapeutas.

E foi justamente durante um congresso que conheci a Crochetagem Mio-aponeurótica de Eckman, uma técnica singular que utiliza-se de ganchos (crochets) com tamanhos e angulos distintos com o objetivo de quebrar aderências dos tecidos (músculo, fáscias etc).

Para aqueles não familiarizados com a técnica parece um tanto esquisito e fantasioso, porém, os resultados falam por si, em dores causadas por trigger points os ganchos constumam ser uma boa opção visto a ineficácia de aparelhos para essa determinada queixa, até então só tratadas de maneira efetiva com as mãos (Jones, PRT), e nem sempre tolerados por alguns pacientes.

Em aderências cicatriciais os ganchos surpriendem pela rapidez dos resultados, em apenas uma sessão a crochetagem faz verdadeiros milagres, se não bastasse a aparência de algumas cicatrizes, as aderencias são um obstáculo no tratamentos de distúrbios posturais, ja citado por BRICOT e outros autores, as cicatrizes representam verdadeiras barreiras, interferindo na mobilidade da fáscia e levando a alterações em muitas vezes em locias distantes das mesmas.

Trata-se de um processo indolor, cadenciado, que requer um bom conhecimento de anatomia palpatória.

Para aqueles que assim como eu admiram as tecnicas manuais e manipulativas, a crochetagem é sem duvida uma técnica a se aprender.