Com certa frequência recebo pacientes que chegam ao consultório desesperados pois acabaram de sair do consultório médico e nos exames complementares não foi detectado nada (ou quase nada) que justifique a sua dor. Esses pacientes se mostram confusos e decepcionados por não ter sido realizado um diagnóstico sobre o que está causando suas dores, sem contar que muitas vezes, sem uma "razão" passam a sofrer desconfiança de familiares e empregadores quanto a veracidade de suas queixas.
Explico que o que ele tem (ou pode ter) é uma consequência de um desarranjo funcional, ou seja, alguma estrutura encontra-se em mal funcionamento e isso não é visível nos exames de imagem, mas é possível detectar aos testes, e em geral respondem rápido ao tratamento especializado.
Da mesma forma é comum um paciente chegar ao consultório com muitos (muitos mesmos) exames: R-X, TC, RNM e esses apontarem muitas degenerações e esse paciente estar relativamente bem, sem dor.
Os exames complementares são como o nome diz complementares, servem para auxiliar no diagnóstico e não para ser o objeto principal da intervenção. Ninguém trata um exame, tratamos o paciente, o ser humano, essa visão focada na doença ou na disfunção é muito segmentada e por mais que a cada dia as evidencias mostram a influencia do stress, da ansiedade, ou seja das emoções, do social nas queixas das pessoas a prática no dia a dia pouco tem se beneficiado dessas evidencias, ainda são utilizados aquele modelo biomédico, focado na doença. Aquele onde a doença porta um paciente e não o modelo moderno biopsicossocial onde o foco é o paciente, o ser humano, e que esse porta uma doença ou uma disfunção.
Vamos começar a semana refletindo sobre a abordagem que damos ao paciente que nos procura.
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