sexta-feira, 9 de novembro de 2012
A Clinica é Soberana
A Clínica é SOBERANA
Muitos não irão entender esse termo, mas os que entendem com certeza irão concordar comigo.
Um dos maiores ensinamentos na minha formação em Osteopatia (pós-graduação com 1500 horas) foi essa: a clinica é soberana.
Assim como não adianta saber todos os tratamentos se você não souber o que seu paciente tem, você não consegue tratar o que você não sabe o que é, de outra maneira é um tiro o escuro, um jogo de tentativas, que implicaria em muitos erros e poucos acertos.
Com os avanços tecnológicos os exames complementares facilitaram muito a vida dos profissionais da saúde, mas também os deixaram preguiçosos e muitas vezes incapazes de fazer uma boa (ou mesmo satisfatória) avaliação clinica.
Não é raro passarmos por um profissional que pede uma tonelada de exames e sequer "coloca a mão" no paciente.
Sem querer "brigar com a imagem", claro que os exames mostram a condição desse paciente, uma alteração estrutural que pode ser mais facilmente detectada se tivermos em mãos o exame complementar, MAS NÃO DEVEMOS ESQUECER QUE EXAMES COMPLEMENTARES SÃO COMPLEMENTARES, e não servem para nada a não ser confirmar uma hipótese diagnóstica.
Quem nunca avaliou um paciente que relata dores insuportáveis e seus exames complementares estão "limpos"? Significa que este não tem nada?
Ou mesmo quem nunca avaliou um pacientes que quase não refere dores ou algum outro sintoma e seus exames apresentam-se com muitas alterações?
Muitos profissionais adoram divulgar que possuem nas suas clinicas e consultórios os mais modernos aparelhos de exames e de nada adianta tudo isso se não houver uma avaliação clinica bem feita.
Um famoso seriado americano, o Dr. House, fez muito sucesso mostrando as dificuldades de se fechar um diagnóstico clinico, e em todos os episódios eram feitos vários exames, muitos ainda distantes da realidade da maioria das cidades brasileiras, mas o que fechava o diagnóstico era a ideia, o raciocínio, a lógica e os exames complementares serviam para confirmar o que foi traçado no cérebro.
Quantas vezes não nos deparamos com pacientes submetidos a tratamentos (conservadores ou cirúrgicos) e não tem alteração alguma na suas queixas? Será se a elaboração da conduta não foi baseada no exame complementar e não na clinica do paciente? Com exceção dos casos onde a patologia tem um prognóstico ruim, muitas vezes muitos profissionais baseiam sua conduta no que vê no exame e não no que descobriu no paciente.
Pouco a pouco estamos perdendo nossa capacidade de avaliar, estamos perdendo nosso contato direto com o paciente, se isso não mudar em pouco tempo estaremos tratando os exames e não o paciente.
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