sábado, 10 de novembro de 2012
O processo de Reabilitação (ops! de recuperação funcional)
O processo de reabilitação, ou melhor de recuperação funcional (deixe-me corrigir antes das críticas), não é um processo fácil. Como Fisioterapeuta pós-graduado em Osteopatia acredito que nosso organismo é capaz de curar-se desde que não haja bloqueios, e minha função é liberar o corpo desses bloqueios que impedem o corpo de fazer aquilo que ele é habilitado a fazer, assim como nosso sistema imunológico é capaz de combater grande parte dos patógenos que nos atacam, nosso corpo é capaz de se regenerar, e quando isso não é possível cicatrizar.
Até aí tudo bem, não parece difícil descrevendo, mas o processo de detectar esses bloqueios é bem mais (muito mais) complexo, não é raro seguirmos "pistas" falsas sobre o que está errado, e digo mais quando nos especializamos demais podemos ter nosso julgamento comprometido, podemos querer que o paciente tenha aquilo que estamos mais acostumados a tratar, aquilo que nos é mais fácil, ou ainda, como numa postagem recente podemos seguir a imagem (exame complementar) e não o que o paciente apresenta clinicamente.
Outro fato que costumo enfatizar com os pacientes é que esse processo depende muito mais deles que de mim, ou seja, como eu poderia com algumas sessões fazer com que todo vício de postura, toda atividade realizada de forma inadequada, toda agressão ao sistema locomotor, visceral etc simplesmente desaparecesse, peço que não se iludam com o desaparecimento da dor na(s) primeira(s) sessão(ões), peço que poupem seu organismo para que esse possa se recuperar e que esse possa se manter em harmonia depois de tratado.
Muitas vezes fazer o certo não é confortável, pode doer, ou mesmo parece mais difícil educar o organismo que esta acostumado a ficar errado.
Devemos lembrar que para a manutenção da postura precisamos de equilíbrio, conforto e gasto energético, por isso não basta mandar alguém sentar certo, "encolher a barriga e estufar o peito", a correção sozinha sem acompanhamento irá esbarrar naquelas regrinhas acima, corrigir sem garantir equilíbrio, conforto e gasto energético é em vão, nesse caso a pessoa irá cansaço, dor (em geral queimação) e até mesmo perda de equilíbrio, e é aí que entramos, detectando esses bloqueios que impedem a manutenção da postura correta, que justamente por respeitar essas mesmas regras eviram o desgaste precoce de nossas estruturas.
Enfim, esse processo requer tempo, dedicação e vigilância para que não haja recidivas.
sexta-feira, 9 de novembro de 2012
A Clinica é Soberana
A Clínica é SOBERANA
Muitos não irão entender esse termo, mas os que entendem com certeza irão concordar comigo.
Um dos maiores ensinamentos na minha formação em Osteopatia (pós-graduação com 1500 horas) foi essa: a clinica é soberana.
Assim como não adianta saber todos os tratamentos se você não souber o que seu paciente tem, você não consegue tratar o que você não sabe o que é, de outra maneira é um tiro o escuro, um jogo de tentativas, que implicaria em muitos erros e poucos acertos.
Com os avanços tecnológicos os exames complementares facilitaram muito a vida dos profissionais da saúde, mas também os deixaram preguiçosos e muitas vezes incapazes de fazer uma boa (ou mesmo satisfatória) avaliação clinica.
Não é raro passarmos por um profissional que pede uma tonelada de exames e sequer "coloca a mão" no paciente.
Sem querer "brigar com a imagem", claro que os exames mostram a condição desse paciente, uma alteração estrutural que pode ser mais facilmente detectada se tivermos em mãos o exame complementar, MAS NÃO DEVEMOS ESQUECER QUE EXAMES COMPLEMENTARES SÃO COMPLEMENTARES, e não servem para nada a não ser confirmar uma hipótese diagnóstica.
Quem nunca avaliou um paciente que relata dores insuportáveis e seus exames complementares estão "limpos"? Significa que este não tem nada?
Ou mesmo quem nunca avaliou um pacientes que quase não refere dores ou algum outro sintoma e seus exames apresentam-se com muitas alterações?
Muitos profissionais adoram divulgar que possuem nas suas clinicas e consultórios os mais modernos aparelhos de exames e de nada adianta tudo isso se não houver uma avaliação clinica bem feita.
Um famoso seriado americano, o Dr. House, fez muito sucesso mostrando as dificuldades de se fechar um diagnóstico clinico, e em todos os episódios eram feitos vários exames, muitos ainda distantes da realidade da maioria das cidades brasileiras, mas o que fechava o diagnóstico era a ideia, o raciocínio, a lógica e os exames complementares serviam para confirmar o que foi traçado no cérebro.
Quantas vezes não nos deparamos com pacientes submetidos a tratamentos (conservadores ou cirúrgicos) e não tem alteração alguma na suas queixas? Será se a elaboração da conduta não foi baseada no exame complementar e não na clinica do paciente? Com exceção dos casos onde a patologia tem um prognóstico ruim, muitas vezes muitos profissionais baseiam sua conduta no que vê no exame e não no que descobriu no paciente.
Pouco a pouco estamos perdendo nossa capacidade de avaliar, estamos perdendo nosso contato direto com o paciente, se isso não mudar em pouco tempo estaremos tratando os exames e não o paciente.
quinta-feira, 1 de novembro de 2012
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