segunda-feira, 8 de junho de 2015

NÃO SE DEIXE LEVAR POR EXAMES DE IMAGEM

O título pode parecer estranho, mas é uma forma de chamar a atenção para um fato que está ficando cada vez mais comum: a incapacidade/imperícia de realizar uma avaliação clínica.
O artigo ostra um fato extremamente comum, pacientes assintomáticos apresentando alterações degenerativas na coluna vertebral. Segundo esse artigo a prevalência de achados na Ressonância Magnética em pacientes assintomáticos: Degeneração discal: 91% ; Diminuição da altura do disco 56%; Abaulamentos: 64%; Protusão discal: 32%; Ruptura do anel fibroso: 38%. EM PACIENTES ASSINTOMÁTICOS (repetido para que fique bem claro). A realidade é que os exames de imagem são supervalorizados.
Não me canso de dizer que exames complementares são complementares e nenhum deles por mais moderno que seja vai substituir uma avaliação clinica.
Isso faz refletir: Quantos pacientes são submetidos a cirurgia sem necessidade? A cirurgia pode ter piorado o quadro do paciente? .... e por aí podemos levantar muitas discussões.
Exatamente hoje recebi um paciente, sexo masculino com lombociatalgia, afastado das atividades laborais há 4 meses, relata dor ao caminhar depois de alguns minutos (5 para ser mais exato), queixava-se durante a entrevista de dor intensidade 6 na EVA e 9-10 depois de caminhar alguns metros, na RNM apresentava protusões em todos os segmentos lombares e uma hérnia L5-S1, com retificação da lordose lombar, injuria ligamentar e espondiloartrose com cirurgia marcada para daqui há 3 semanas. Durante a avaliação clínica nenhum teste reproduzia as dores, o lasegue negativo com amplitude superior a 100º. Nos testes dinâmicos ele apresenta uma discinesia lombopélvica, com uma dificuldade de contração do musculo abdominal oblíquo, e cinesiofobia.
Foram realizados exercícios de estabilização segmentar, algumas mobilizações (maitland) e exercícios terapêuticos (treino da musculatura que se encontrava em discinesia).
Ao final da primeira sessão o paciente relatou dor intensidade 0 na EVA e intensidade 1 após caminhar 15 minutos. Agora eu pergunto: esse paciente seria ou será beneficiado com cirurgia? O tempo de repouso contribuiu em alguma coisa?
Não significa que ele esteja curado, mas na minha opinião mostrou mais uma vez que muitos profissionais da saúde estão se tronando especialistas em tratar exames complementares.